segunda-feira, 29 de outubro de 2007

4.


Difícil é colocar a si mesma como uma opção, e não "a" opção. Ser preterida não é fácil. Ficar mofando na prateleira, ser atirada pela janela ou despachada com a descarga do vaso sanitário. Tudo é risco, escolha, aposta. Triste mesmo é a covardia, a não-opção que nunca o é, e sim uma tentativa de opção justificada e "sem culpa", como se a alternativa é que me escolhesse e não eu a ela. Só vou ter pra mim aquilo que eu mesma apanhar, buscar. Além disso, só ilusão.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

3.


Eu tenho medo de me apaixonar. Medo de sofrer o que não estou acostumada. Medo de me conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de aguardar que alguma coisa mude de repente. Medo se o telefone tocar, se o telefone não tocar. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para me ver livre do medo. Medo de me sentir observada em excesso. Medo de não suportar ser olhada com esmero e devoção. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar, mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele acorde ao escutar minha voz. Medo de eu não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas(os). Medo de que ele não precise de mim. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo de machucar, ferir, agredir para não me machucar, ferir, agredir. Medo de estragar a felicidade por eu não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de enlouquecer sozinha. (Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha.) Eu tenho medo de já estar apaixonada. Medo. Apenas medo. Eu sou cagona mesmo, é tanto medo que nem eu acredito.


*Autoria desconhecida, adaptação minha.*


Desafio que recebi da Katy:

1) Pegar o livro mais próximo. 2) Abri-lo na página 161 3) Procurar a 5ª frase completa. 4) Postar a frase no blog. 5) Não escolher a melhor frase, nem o melhor livro (usar o mais próximo). 6) Repassar o desafio para cinco outros blogs. 7) O que você está achando desse livro?

Resultado:
1) Livro: Bíblia Sagrada. 2) Caiu em Deuteronômio. 3) 5ª frase completa... “Assim, Moisés escreveu este cântico naquele dia e o ensinou aos filhos de Israel” (Dt. 31.22).
6) Repasso pra quem quiser fazer. 7) Ler a Bíblia é sempre bom... mas ler Deuteronômio é só pra quem entende mesmo, de teologia, história dos judeus e etecétera. Eu não consigo entender isso. Mas tudo bem.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

2.



Abre-se a cortina. E daí que nós não temos uma só vida. Temos várias vidas. Desempenhamos mais de um papel, conforme o dia e a hora. É inútil alguém tentar definir a si próprio como isso ou aquilo. Somos muitos. E isso é muito bom. Difícil é administrar, agendar, evitar confrontos, coordenar diferenças, trocar roupa e maquiagem de uma cena para outra, lembrar as falas, e principalmente, ser natural. Fecha-se a cortina.



"Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante..."


sexta-feira, 19 de outubro de 2007

1.






Prefiro tudo que não descobri, menos isso que eu já sei. Prefiro a alma aflita ao coração tranqüilo. Prefiro te amar sem te conhecer, prefiro achar que te conheço pra não te amar. Prefiro que você se vá, mesmo querendo ficar. Que perca a fome quando me vê. Que enlouqueça a querer se curar. Prefiro assim. Logo hoje que amanheci sorrindo, achando que tivesse resolvido as tristezas. Que nada! Prefiro assim. Como deve ser enfadonho ser feliz o tempo todo. Salomão já dizia “melhor é a tristeza do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”(Ec. 7.2)



Sábio Salomão.