quarta-feira, 28 de maio de 2008

36.


Alguém aí já dizia que “muitos falam como bosques, mas vivem como pântanos”. Não adianta. Desde sempre somos caricaturados, somos maquiados de uma forma tão perfeita que quando tentamos tirar essa armadura não pensamos se temos estômago para isso. Se iremos suportar esse jogo sujo, previamente marcado, onde já se sabe quem serão os vitoriosos e os perdedores, mas que fingimos não perceber e batemos os pés e gritamos para todos que conosco não é desse jeito, que nós vamos fazer diferente e no fim voltamos ao ponto inicial. Pois, no fundo todos sabemos onde isso acaba.
Momento Desedificante.

terça-feira, 20 de maio de 2008

35.


“Cantando”:
“Denominator, go Decatur, go Decatur, it’s the great I’m…” do Sufjan Stevens. Alias, estou viciada nas musicas dele.

“Observações alheias:”
- Cursar Direito faz mal às pessoas; a menina que senta na minha frente pensa que está na Broadway. Ou em Harvard...

“Observações minhas:”
- IDE CATAR-VOS TODOS OS INSANOS-ALIENADOS-DESTA-BOSTA-QUE-SÓ-COMPRAM-LIVRINHOS-DA-MODA-PRA-DIZEREM-QUE-SÃO-ANTENADOS.

“Considerações:”
- Eu tenho dormido mal. Comido mal. Uma loucura.
- No congresso: um amigo vai vestido à la Agostinho Carrara.
- Nesse mesmo congresso: as palestras estavam tão interessante que tinha gente (tipo eu) que ou cochilava ou jogava STOP ou jogava no celular.
- Ainda nesse mesmo congresso: minha amiga levou um tombo.


"Considerações finais":

- Minha casa está em reforma. E devo dizer: que meeeeeerda.

- Eu volto, ainda nesse mês. É que está tão tumultuado...


sexta-feira, 9 de maio de 2008

34.

Set-list

Eu nunca:
- eu nunca fiquei grávida.
- eu nunca terminei de ler Iracema (José de Alencar) e temo que nunca vá terminar.
- eu nunca estive no meu peso ideal, sempre a mais.
- eu nunca consegui virar vegetariana, por mais que eu quisesse e achasse bonito.
- eu nunca quebrei nada, nem perna, nem braço, nem cotovelo, nem dente. Nadinha.
- eu nunca pisei no consultório de um psicólogo, psiquiatra nem nada parecido. E vou bem, obrigada. Eu acho, pelo menos...

O que eu ainda não:
- eu ainda não sei dirigir.
- eu ainda não me livrei de todos os complexos e inseguranças que tinha.
- eu ainda não tenho rugas.
- eu ainda não visitei todos os lugares que quero conhecer
- eu ainda não descobri qual é a minha vocação

O que eu ainda, sim:
- eu ainda assisto Chaves e Chapolin.
- eu ainda tomo leite. Não gosto, mas tomo.
- eu ainda tenho contato com alguns amigos de infância.
- eu ainda consigo escrever em grego, mesmo usando-o raramente.
- eu ainda falo com meu gato (mas ele continua não respondendo)
- eu ainda tenho vontade de esgoelar pessoas sem desconfiômetro.
- eu ainda adoro shows de pop, rock, samba, enfim... mas prefiro jantar com amigos ou meus pais do que me acabar em alguma festa.

O que eu não mais:
- eu não estou mais nem aí pro gosto musical dos meus amigos.
- eu não consigo mais dormir 8 horas seguidas.
- eu não consigo mais comer de tudo sem engordar.
- eu não gosto mais de sair pra lugares muito tumultuados.
- eu não sou mais uma paranóica com horários.


E o que eu já:
- eu já aprendi a me livrar das neuroses que atrapalham um relacionamento
- eu já aprendi a dividir o meu espaço com outra/s pessoa/s sem brigar por bobeira
- eu já aprendi a assumir responsabilidades
- eu já aprendi a cozinhar.
- eu já sei dar banho em bebê.


segunda-feira, 5 de maio de 2008

33.


E aí eu chorei... Chorei sem saber o motivo, talvez em comemoração aos meus 19 anos...
Porque nossa alma menstrua. A alma fica fértil em algum momento da vida, e a gente passa a ser capaz de procriar. E descobre que mamãe estava errada, e maturidade nada tem a ver com cólicas e absorventes. Virar mulher é mais que isso. Sem perceber a gente dorme criança e acorda com a calcinha da alma encharcada. A gente vai decidindo tudo: escolhendo gente pra entrar e ficar em nossa vida, escolhe a cor do cabelo, onde e como gastar o dinheiro, o tipo de programa que quer naquele sábado a noite, e a viagem desejada, quando e como. Sem perceber, aprende a optar, e descobre aridamente que tudo é um grande jogo de escolhas. Permitir intrusos, aceitar ofensas, calar mágoas, aquele filho que (ainda) não pudemos ter, o casamento que não teremos (ou quem sabe), a possibilidade de "desejar" de tantas formas, o porre almejado, a caixa de bombons depois de um dia ruim como fuga. A alma menstrua em algum momento e a gente se dá conta de que somos responsáveis por nós mesmas. E é dolorido sim. A gente acorda mais molhada, mais distante, mais serena. Mais presente. Mais no presente. De repente acordei assim.
Acendi uma vela e quis iluminar pensamentos. Arrumei gavetas, joguei velhas fotos no lixo, tirei aquela lembrança do alcance das minhas mãos, me perdoei pela pessoa excepcional que não consigo ser, senti saudades do primeiro amor, coloquei a flor vermelha no cabelo, escolhi esmalte novo ("poema"), e fiz brigadeiro aos montes pra me acompanhar, porque não é possível culpar isto ou aquilo. Dei-me conta das limitações que são tantas. E das escolhas erradas, e repetidas. Dei-me conta dos ciúmes que me fazem tão mal. E do cansaço que me causo, e do sossego que tantas vezes não me permito. Dei-me conta de que sem perceber a alma menstrua, e a gente acaba com cólica de si mesma. Do que permitimos aos outros, e do que não nos permitimos. Enquanto a vela queima, queimam as sensações ruins em mim. E o medo dos 19 vai embora na fumaça. Mas no fundo satisfeita, porque crescer é inevitável. E seria mesmo preciso que um dia essa alma sangrasse...


ps: Esse texto não é meu; foi adaptado (para a minha situação) de um texto que tirei do blog Pequeno Rascunho.