Eu fico
tremendo, sabe? Quando as situações inesperadas são muito boas a ponto de me
deixarem nervosa, as minhas mãos e pernas ficam tremendo num misto de
nervosismo e felicidade. É engraçado até, porque nas situações negativas, mesmo
quando pega de surpresa, eu raramente esboço reação. Sigo com a postura normal,
absorvo o baque, engulo o ácido, seja como for, eu raramente saio do meu estado
normal nesses momentos e depois me sinto um pouco vazia, como se nem as coisas
ruins fossem capazes de me estremecer. Mas o bom é isso, saber que as coisas
positivas, embora aconteçam com mais dificuldade e suadas, ainda arrancam
reações do meu corpo, mexem com os estímulos, neurônios, pele, o que quer que
funcione aqui dentro. Ainda encontro o que me faz tremer, e escrevo sorrindo
por saber que nem todos tremem de felicidade. Nem todos podem encontrar motivos
para tremerem, ficarem vermelhos e ter a reação que lhes cabe. Cabe a mim
tremer. Esse corpo não é muito forte, não. Vez ou outra eu tremo mesmo é de
frio e nem precisa de muito, sou fraquinha-fraquinha. Mas quando tremo
sorrindo, sentindo o coração acelerar no peito, ah, essa é a hora em que sei: a
vida ainda está valendo a pena e me arrancando sensações.
— Camila Costa
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