quinta-feira, 26 de julho de 2012

235.


Eu fico tremendo, sabe? Quando as situações inesperadas são muito boas a ponto de me deixarem nervosa, as minhas mãos e pernas ficam tremendo num misto de nervosismo e felicidade. É engraçado até, porque nas situações negativas, mesmo quando pega de surpresa, eu raramente esboço reação. Sigo com a postura normal, absorvo o baque, engulo o ácido, seja como for, eu raramente saio do meu estado normal nesses momentos e depois me sinto um pouco vazia, como se nem as coisas ruins fossem capazes de me estremecer. Mas o bom é isso, saber que as coisas positivas, embora aconteçam com mais dificuldade e suadas, ainda arrancam reações do meu corpo, mexem com os estímulos, neurônios, pele, o que quer que funcione aqui dentro. Ainda encontro o que me faz tremer, e escrevo sorrindo por saber que nem todos tremem de felicidade. Nem todos podem encontrar motivos para tremerem, ficarem vermelhos e ter a reação que lhes cabe. Cabe a mim tremer. Esse corpo não é muito forte, não. Vez ou outra eu tremo mesmo é de frio e nem precisa de muito, sou fraquinha-fraquinha. Mas quando tremo sorrindo, sentindo o coração acelerar no peito, ah, essa é a hora em que sei: a vida ainda está valendo a pena e me arrancando sensações.
— Camila Costa

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