Começamos a tentar ser sábios quando percebemos que não nascemos sabendo como viver, mas que a vida é uma habilidade que tem de ser adquirida, como aprender a andar de bicicleta ou tocar piano. Mas o que a sabedoria nos aconselha a fazer? Ela nos diz para termos como objetivos a tranquilidade e a paz interior, uma vida livre de ansiedade, medo, idolatria e paixões perigosas. A sabedoria nos ensina que nossos primeiros impulsos podem nem sempre ser verdadeiros, e que nossos apetites nos desviarão do caminho se não treinarmos a razão para separar as necessidades vãs das verdadeiras. Ela nos diz para controlarmos nossa imaginação ou ela distorcerá a realidade e transformará montanhas em montinhos e sapos em princesas. Ela nos diz para contermos nossos medos, de modo que possamos ter medo do que nos machucará, mas não gastemos nossas energias fugindo de sombras na parede. Elas nos diz que não deveríamos temer a morte, e que tudo o que temos a temer é o próprio medo. Mas o que a sabedoria diz a respeito do amor? Isso é algo que deveria ser abandonado completamente, como café, cigarros, ou é permitido de vez em quando, como um cálice de vinho ou uma barra de chocolate? O amor é diretamente oposto a tudo o que a sabedoria representa? Os sábios perdem suas cabeças ou só as crianças super-crescidas?
Alain de Botton, em "Ensaios de Amor"
2 comentários:
oi mari, lindo texto!!! bjs e boa semana.
Esse livro é assim né. Tô adorando ele.
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