sábado, 19 de maio de 2012

205.


Ninguém sabe das lágrimas que se faz à noite pra manter esse coração funcionando durante o dia. Ninguém sabe dessas dores que andam por esse peito. Ninguém sente os medos que se sente, nem luta as lutas que se trava para vencer receios, dogmas, leis, culturas; se dilacerar, e ainda sorrir amor no final. Ninguém sabe o que se esconde atrás do riso, de anedotas involuntárias, de loucura bem humorada. Ninguém imagina o que é perder um pouco de si a cada dia, pra encontrar-se sabe-se lá quando. E onde. E como. Ninguém entende as saudades do que não houve, a vergonha do que se não é, nem a vontade do inexistente. Ninguém sente o coração convulsionando por dentro, preso em grades irreais. Ninguém sabe o que é esquecer-se de si mesmo para ser tudo pra alguém; e no fim perder de mãos fechadas, por causa de algo que se diz etéreo. Ninguém sabe o que é lutar contra uma tristeza que não tem por que. Ninguém sabe o que é ser ninguém. Às vezes, eu não sou ninguém. E me esqueço de como é ser assim.
- Iulo Duarte


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