terça-feira, 24 de abril de 2012

193.


Porque você não é um vício. E minha vida, difícil. Pois do vício, eu vou lá e me drogo, me entorpeço e me canso. Até cansar. Enjôo. Nem preciso de náuseas para enjoar. Mas de você eu não posso pegar o apagador para apagar. Ou tomar um gole cheio de vontade, e te ligar e dizer o tanto que faz falta em minha veia, em meu sangue, o que pulsa daquilo que sai de você. E como não é vício, é difícil para eu aceitar a calma que me chama à sensatez. Porque eu não quero ser sensata. Mas eu tenho um equilíbrio só meu. Eu aguento até as últimas, mas o pensamento não me foge, a memória é o presente do que eu fico vivendo neste instante. Não passa.

Eu imploro para que seja droga e se materialize no que é mesquinho e baixo nessa matéria. Quisera eu, uma cerveja ou um bar qualquer. Que bobagem. É pior que doença. Pra doença a gente toma remédio e mesmo quando não passa a gente sabe que a morte pode dar um fim.

Mas esse amor não mata e ainda transcende. E me vejo louca no que enreda o que não tem tempo para terminar e não sei quando começa.

Eu peço calma.
Eu peço luz.
Eu peço aquela batida de drum'n'bass que você revive quando ouço.
E tenho sempre você, quase droga, quase vício. Mas imagem tão reticente...

É amor que não mata e ainda transcende.~

ANA MARGRIT

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