domingo, 26 de abril de 2009

51.


Por que às vezes a gente não consegue ficar a fim de quem já está a fim da gente? Não seria muito mais prático, fácil? Nessas horas, vejo-me obrigada a rejeitar. Fazer o quê. Rejeito quando não posso, não consigo aceitar; nego e afasto a outra pessoa. Se bem que existem modos mais sutis. Quando, porventura, aceito, eu recebo, tomo, beijo e abraço, mas nem assim consigo me excitar. Não há vibração, energia, a tal da química -que eu não sei bem o que é e como acontece, mas eu sei que existe. O processo é subliminar, profundo, que dirá misterioso e esquisito. Neste caso não ocorre uma decisão racional, intelectual, bem pensada. A vontade fica impotente e simplesmente alguma coisa impede, diz "não, não vai dar". Deve ser por isso que é tão difícil, em certos casos, explicar à outra pessoa o por quê da nossa rejeição.

Eu quero, desejo, busco, mas simplesmente o corpo não corresponde. Não me excito, não me excita. Simples. Rejeito sem querer. Aí eu vejo nos olhos dele, a decepção, aquele pensamento estampado na cara "não sou bom o suficiente". E não há explicação capaz de diminuir a força do ato. Ou melhor, do não-ato. Não há conversa, carinho, cafuné que disperse a nuvem de desconfiança e dúvida que paira sobre nossas cabeças, preenchendo o espaço, falando mais do que deveria falar. A distância, então, estabelece-se, mesmo que os corpos continuem grudados.

É o desencontro das almas. O fim.

2 comentários:

katy disse...

nessas horas eu queria ser homem. acho que eles conseguem lidar muito melhor com essa situação, ou pelo menos fingem que lidam melhor. bjs

Sydnei Melo disse...

Não, Katy... a gente melhor finge do que lida de fato ^^

Acontece.

Estou vivo, Mari. Não me esqueci de ti. =*