segunda-feira, 5 de maio de 2008

33.


E aí eu chorei... Chorei sem saber o motivo, talvez em comemoração aos meus 19 anos...
Porque nossa alma menstrua. A alma fica fértil em algum momento da vida, e a gente passa a ser capaz de procriar. E descobre que mamãe estava errada, e maturidade nada tem a ver com cólicas e absorventes. Virar mulher é mais que isso. Sem perceber a gente dorme criança e acorda com a calcinha da alma encharcada. A gente vai decidindo tudo: escolhendo gente pra entrar e ficar em nossa vida, escolhe a cor do cabelo, onde e como gastar o dinheiro, o tipo de programa que quer naquele sábado a noite, e a viagem desejada, quando e como. Sem perceber, aprende a optar, e descobre aridamente que tudo é um grande jogo de escolhas. Permitir intrusos, aceitar ofensas, calar mágoas, aquele filho que (ainda) não pudemos ter, o casamento que não teremos (ou quem sabe), a possibilidade de "desejar" de tantas formas, o porre almejado, a caixa de bombons depois de um dia ruim como fuga. A alma menstrua em algum momento e a gente se dá conta de que somos responsáveis por nós mesmas. E é dolorido sim. A gente acorda mais molhada, mais distante, mais serena. Mais presente. Mais no presente. De repente acordei assim.
Acendi uma vela e quis iluminar pensamentos. Arrumei gavetas, joguei velhas fotos no lixo, tirei aquela lembrança do alcance das minhas mãos, me perdoei pela pessoa excepcional que não consigo ser, senti saudades do primeiro amor, coloquei a flor vermelha no cabelo, escolhi esmalte novo ("poema"), e fiz brigadeiro aos montes pra me acompanhar, porque não é possível culpar isto ou aquilo. Dei-me conta das limitações que são tantas. E das escolhas erradas, e repetidas. Dei-me conta dos ciúmes que me fazem tão mal. E do cansaço que me causo, e do sossego que tantas vezes não me permito. Dei-me conta de que sem perceber a alma menstrua, e a gente acaba com cólica de si mesma. Do que permitimos aos outros, e do que não nos permitimos. Enquanto a vela queima, queimam as sensações ruins em mim. E o medo dos 19 vai embora na fumaça. Mas no fundo satisfeita, porque crescer é inevitável. E seria mesmo preciso que um dia essa alma sangrasse...


ps: Esse texto não é meu; foi adaptado (para a minha situação) de um texto que tirei do blog Pequeno Rascunho.

2 comentários:

Anônimo disse...

Olha Marianne eu tenho 28 anos e cada vez mais penso que essa negócio de maturidade não existe.
Eu me sinto insegura, perdida e em sentido como se eu tivesse 12 anos.

Anônimo disse...

oi mari, feliz níver atrasado!!!!
é bom crescer né?!! dói, sangra, dá um medo desgraçado, mas cada dia que passa é a possibilidade que todos tempos de nos tornarmos pessoas melhores, ou piores. tenho 22, às vezes me sinto como se tivesse 40, e outras, como se não passasse dos 13. talvez um dia descubra o que é ter 22!!! bjsss e tudo de bom pra vc. aproveite o seu ano, que começou agora.