terça-feira, 25 de setembro de 2012

269. Louie



A ciência trabalha com as variáveis dos objetos – observa constantes e variáveis e extrai delas leis gerais; a filosofia trabalha com as variações do conceito; e a arte, com as variedades de materiais e formas. Enquanto a ciência explica e a filosofia compreende, a arte reverbera
Como a criança que brinca com o vento, com as folhas, com as ondas do mar, e se não cria seus mundos nesse brincar, ao menos encontra oásis que lhe permitem recobrar o fôlego para a existência, a arte poderá permitir o brincar com a vida, cumprindo o mesmo papel do brincar. 

Mas isto ocorre com todo mundo, e diante de qualquer forma de arte? Não. Para alguns talvez isto possa ocorrer diante de qualquer forma de arte; para outros, somente diante de algumas muito específicas; para outros, nada ocorre. E lembro das muitas possibilidades do exercício da arte, relatadas pelos partilhantes no consultório de filosofia clínica.
Algumas pessoas precisam da arte como um escape, para “esvaziar o sax” – como dizia uma partilhante que tocava saxofone. Em outras palavras, um processo catártico, que alivia as pressões e permite olhar para as questões de outra maneira. Este processo é denominado, em filosofia clínica, esteticidade seletiva.
Outras pessoas necessitam da arte para a constituição de suas formas de vida. A arte, tida por muitos como supérfluo, nesses casos é uma necessidade fundamental. Não se trata somente de um veículo de expressão, mas de uma maneira de tornar-se, de ser o que se é. (daqui)


Considero "Louie" uma obra de arte. Algumas poucas séries que já assisti se enquadraram nessa minha definição de arte. Assisto "Louie" com aquela sensação de semelhança, de já ter me visto em situações que ele passa, de sentir-me familiarizada com o que ele sente. É uma série que promove minha reflexão, seja para tentar mudar meus próprios comportamentos seja para quebrar tabus. E a arte não tem esse objetivo de travar alguma relação com o seu observador? Ao final de cada episódio tenho vontade de bater palmas. Isso é a euforia, que provoca sensações de bem-estar.  Por isso eu adoro "Louie", e fiquei muito feliz por ele ter ganhado um Emmy de "Melhor Roteiro em Comédia", mesmo perdendo nas outras categorias que concorria. É isso: transborda originalidade e autenticidade, e é por isso que não me canso de admirar, rir e até verter uma ou duas lágrimas quando necessário.   

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